«Não podemos continuar a adiar a emancipação dos jovens em Portugal»

«Não podemos continuar a adiar a emancipação dos jovens em Portugal»

Líder da JSD Maia faz balanço e apresenta candidatura à Distrital.
Entrevista originalmente publicada na edição em papel Maia Hoje nº557, de 17 de fevereiro.

Bruno Miguel Bessa Ribeiro nasceu no Porto, em 1994. Embora as suas raízes familiares remontem ao concelho de Lousada, foi na Maia que sempre viveu. 
Frequentou sempre a Escola Pública, tendo iniciado o seu percurso na Escola EB1/JI do Lidador (Vila Nova da Telha) e, posteriormente, na Escola EB 2/3 Dr. Vieira de Carvalho (Moreira-Maia).
No Ensino Secundário vai para a Escola Secundária da Senhora da Hora. Nesta escola inicia a sua intervenção cívica tendo sido dirigente estudantil.
Licenciado em Direito pela Universidade do Porto e Mestre em Direito do Trabalho pela Universidade Católica, foi membro da ELSA (European Law Student Association).
Iniciou a sua participação política em 2014, quando aos 19 anos se filiou ao PSD/JSD e começou a participar nas atividades da concelhia maiata. Em 2017 assume pela primeira vez funções de dirigente na JSD Maia (Secretário-Geral) e em 2018 é eleito Presidente da estrutura concelhia, cargo que desempenha até aos dias de hoje. 
Em 2020, foi eleito Conselheiro Nacional da Juventude Social Democrata e Secretário-geral da JSD Distrital do Porto. No XXVII Congresso Nacional da Juventude Social Democrata, em 2022, é nomeado Coordenador Nacional Autárquico desta estrutura política.
É membro da Assembleia de Freguesia de Vila Nova da Telha, sendo líder da bancada da coligação Maia em Primeiro (PSD/CDS-PP) e representante desta freguesia no Conselho Municipal da Juventude.
Em 2018, assumiu funções como Vice-presidente da Associação Recreativa Vilanovense, em Vila Nova da Telha.
Concluiu ainda o Curso Avançado em Cidades Sustentáveis (edX by Harvard University and The Massachusetts Institute of Technology), uma Formação Avançada sobre Desafios Eleitorais (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra) e um Curso Breve de Contratação Pública (Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados).
Entre 2018 e 2020 foi Advogado Estagiário, com inscrição na Ordem dos Advogados Portugueses, exercendo a sua atividade profissional na AdC Advogados. É, desde 2021, Adjunto na Câmara Municipal da Maia, trabalhando diretamente com o Presidente da Câmara.

Maia Hoje (MH): Antes de começar esta entrevista, disse-me que gosta mesmo da política, o que vem de alguma forma contrariar a ideia que os “jotinhas” de formação, estão na política por considerarem que esta pode ser um elevador social ou político. Por isso a minha primeira questão seria «porque veio para a política?», mas creio que a resposta está dada. A questão que importa agora é o porquê da escolha da Juventude Social Democrata (JSD)?

Bruno Bessa (BB): Bem, creio que as duas perguntas fazem sentido e estão, de certo modo, muito ligadas. Costumo dizer que comecei a fazer política na escola, quando, aos 16 anos, integrei pela primeira vez uma lista candidata à Associação de Estudantes da minha escola.

Foi aí que pela primeira vez percebi que temos o dever de contribuir para o desenvolvimento da nossa comunidade – na altura, pelo tempo que passava lá, a escola era, para mim, a comunidade mais importante – e de podermos afirmar aquelas que são as nossas convicções. Aí foi quando ganhei uma consciência cívica mais ativa e acho que despertou o “bichinho”.

Agora, o porquê da JSD? Isso surge mais tarde, já na faculdade, no primeiro ano da minha licenciatura em Direito. Na altura tinha uma cadeira chamada “Ciência Política” e estava a estudar as diferentes ideologias políticas. Identifiquei-me logo com a Social-Democracia e fiz o exercício de procurar qual o partido, no meu país, que representava a social-democracia e com o qual me identificava. Encontrei o PSD, consequentemente a JSD, e a partir daí não mais nos largámos.

MH: É advogado de formação e profissionalmente exerce ou exerceu a profissão. Acha que a sua formação académica foi ou é importante para o debate político?

BB: Sem dúvida que foi muito importante. A minha formação é em Direito e isso permitiu-me estudar uma grande diversidade de áreas de saber, por ex. Economia Política, Ciência Política, Finanças Públicas, Direito da União Europeia, o que me trouxe uma visão mais transversal da sociedade e estimulou-me para ser um cidadão mais informado e atento ao mundo.

Para além disso, já num contexto mais prático pude juntar às qualificações também algumas competências, nomeadamente a gestão de equipas, pensamento estratégico, processo negocial e, claro, a retórica, tão fundamental em política. Sendo que aqui importa referir que a retórica ou a arte de bem falar, nada tem a ver com enganar o outro. A política faz-se de persuasão e é a comunicar bem que conseguimos demonstrar aos demais que podemos representar o melhor projeto político.

MH: Em termos internacionais revê-se nalgum político ou pensador? E a nível nacional?

BB: Atualmente, no contexto internacional, revejo-me na postura da atual Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que tem tido um mandato difícil, marcado por uma pandemia mundial e uma guerra no continente europeu. No entanto, historicamente sou um grande admirador de Winston Churchill, pelo percurso político hercúleo e corajoso e de Olof Palme, pelo papel que teve na afirmação da social-democracia na Europa.

Ao nível nacional, destaco, naturalmente, Francisco Sá Carneiro, fundador do PPD/PSD, grande responsável pela afirmação do partido e da social-democracia em Portugal. Um político inspirador, reformista e capaz de afirmar o PSD como partido verdadeiramente personalista, onde a pessoa está no centro da ação política.

MH: Acha importante a formação política constante? Não acha que se pode correr o perigo de “doutrinar” ou criar uma cartilha?

BB: É muito importante a formação cívica e política constante. Com isto não quero dizer formação político-partidária, mas entendo que temos o dever de cada vez mais, formar jovens cidadãos mais ativos e preparados.

Digo cada vez mais porque ao contrário daquilo que aconteceu no pós-25 de abril fazer política era uma necessidade efetiva, existia uma nova sociedade para erguer e muitas necessidades – de todas as gerações – para suprir e os jovens envolveram-se muito na construção desse país.

Hoje, sinto que a sociedade caminha para uma versão mais individualista e acredito que temos de resgatar o espírito de comunidade, fundamental para o desenvolvimento do nosso país.

É um cliché, mas se sozinhos podemos ir mais rápido, tenho a certeza que juntos podemos chegar mais longe. E isto é igual na JSD.

MH: Agora que sabemos que está de saída da gestão da JSD Maia, pode fazer-nos um pequeno balanço da atividade?

BB: Bem, após 5 anos a liderar a JSD Maia é difícil para mim fazer um pequeno balanço, mas vamos lá!

Os últimos 5 anos reportam-se a dois mandatos, com períodos políticos muito diferentes, mas nem por isso menos desafiantes. No primeiro mandato, entre 2018 e 2020, procurámos apostar na formação dos quadros da JSD e nos dois embates eleitorais que o PSD teve pela frente nesse período (eleições europeias e legislativas). Realizámos diversas iniciativas que apelaram à participação dos jovens e estimularam o debate público, como são o caso dos À Conversa com… e das Maia Talks, onde contámos com convidados da área política, mas também da academia e do meio científico. Ainda nesse mandato acolhemos, na Maia, as Jornadas José Nuno Meireles, a maior escola de formação política do distrito do Porto e isso representou uma estreia para a JSD Maia.

No segundo mandato, este entre 2020 e 2023 (está agora a terminar), a nossa grande aposta foi, assumidamente, as eleições autárquicas no final de 2021.Começámos cedo a delinear e a executar a nossa estratégia para as autárquicas, fazendo uma intensiva auscultação às forças vivas da Maia (Associações e Coletividades, Juntas de Freguesia, Câmara Municipal, Assembleia Municipal, Escolas, Universidade, etc.), de modo a realizar um diagnóstico do estado do concelho e podermos elaborar um programa político para a juventude. Foi isso que acabámos por fazer com a apresentação do MMJ – Maia Mais Jovem, um programa político para a juventude maiata que foi entregue ao nosso candidato à Câmara Municipal, Silva Tiago, e acabou por também dar corpo ao compromisso político da coligação Maia em Primeiro.

Também não posso deixar de destacar o papel da JSD Maia na campanha eleitoral. Tive a sorte de liderar uma JSD muito mobilizada e comprometida com o projeto da coligação Maia em Primeiro e que disse sempre presente, ajudando a passar a nossa mensagem política e dando corpo ao projeto que quis continuar a servir bem os maiatos e que, no final, acabou por merecer a total confiança deles.

Por fim, dizer que o foco nas autárquicas não nos desviou da atenção que a formação e discussão política nos merecem e, por isso, gostava de destacar a conversa que tive o prazer de realizar com o Prof. Aníbal Cavaco Silva. Um verdadeiro estadista, que reformou o país e o libertou do marasmo socialista que se vivia à época. Aliás, estamos a precisar de um novo Cavaco Silva em Portugal. O país tem de voltar a convergir com os países do topo da Europa e só o PSD é que pode entregar esse ideal de esperança aos portugueses. Já o fizemos e vamos voltar a fazê-lo.

MH: O que deseja para a futura Comissão Política?

BB: Desejo que a futura comissão política da JSD Maia seja aquilo que ela quiser. A maior característica que um político pode ter é a sua liberdade. Se nunca abdicarem da sua liberdade e nunca colocarem em causa a autonomia da JSD, ela vai poder ser sempre o que quiser.

Sejam sempre livres e inteiros, é o que eu desejo.

MH: Como gosta da política, certamente vai abraçar novos desafios. Dizem-nos que inclusive já tem preparada uma candidatura… Quer-nos falar do seu futuro político e o que o motiva?

BB: Sim, e dizem muito bem. Anunciei, recentemente, a minha candidatura a Presidente da Comissão Política da JSD Distrital do Porto. Faço-o por todos e de forma livre, inteira e consciente do desafio que tenho em mãos.

Fui, nos últimos dois anos, Secretário-Geral da JSD Distrital do Porto e, por isso, conheço bem as suas virtudes e os seus pontos de melhoria. Percorri imensas vezes os 18 concelhos deste distrito e estou disponível para continuar, em conjunto com todos os presidentes de concelhia, o trabalho intenso e exigente da afirmação dos ideais de uma geração.

Estou na JSD desde 2014 e tenho o privilégio de ter vivido muita coisa nesta juventude partidária. Sinto que ainda há muito a fazer pela juventude do distrito do Porto e estou preparado para assumir esse compromisso com a juventude. A motivação para esta candidatura parte, naturalmente, de mim, mas o apoio que vou recebendo diariamente dos militantes faz-me acreditar que o distrito está unido em torno desta candidatura.

MH: Que mensagem quer deixar aos jovens portugueses?

BB: Uma mensagem de esperança e responsabilidade pessoal. Os jovens portugueses podem e devem voltar a acreditar que Portugal pode ser muito mais do que aquilo que é e que o país deles lhes pode dar muito mais do que aquilo que dá.

Mas essa esperança não nos serve de nada se não arregaçarmos as mangas e formos ao trabalho. O futuro do país e da nossa geração depende de todos e de cada um de nós.

Não podemos continuar a adiar a emancipação dos jovens (em Portugal a idade média de saída de casa dos pais é praticamente 34 anos) e, para isso, temos de encontrar soluções para a habitação, temos de reforçar a sua autonomia financeira.

Para isso, entendo que a JSD deve intervir afincadamente em 4 áreas-chave: habitação jovem, autonomia financeira, sustentabilidade ambiental e representatividade política.

A nossa emancipação tem de voltar a ser uma possibilidade e o nosso real valor no mercado de trabalho tem de ser reconhecido.

Temos de nos unir para que o nosso futuro neste Planeta não seja comprometido e para que o nosso lugar à mesa de discussão não seja questionado.

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