«Não veem utentes nem pessoas, veem apenas números»

«Não veem utentes nem pessoas, veem apenas números»

O Lar do Comércio, nomeadamente a sua gestão e a sua massa laboral parecem ainda não ter encontrado a paz social. A entrevista de António Alves Bessa, presidente de “O Lar do Comércio”, publicada na passada edição, motivou diversos ex-funcionários e atuais utentes a contactar o MaiaHoje, dando conta que nem tudo estará bem.

Recorde-se que a referida entrevista surgiu depois de fonte jornalística nos informar de alguns problemas que, embora já resolvidos, se prendiam com a falta de higiene, como pratos que ficavam desde a hora de almoço até ao jantar sem serem levantados; má alimentação; furtos a utentes; falta generalizada de pessoal e até um alegado surto de Legionella. Situações que a administração confirmou como resolvidas ou em resolução, o que mais tarde viria a ser confirmado pela nossa fonte. Em resumo o presidente dizia que havia muito a fazer, mas que não se podia fazer tudo no mesmo dia.

Perante uma «revolução do modelo de funcionamento do Lar» assumida por António Bessa, utentes manifestaram «tristeza» com as diversas mudanças. «Deixamos de ver caras conhecidas de há tantos anos e que tão bem nos tratavam, agora os funcionários que chegam não sabem nem como nos ajudar nos banhos, por exemplo».

Além destas questões, os utentes lamentam ainda que «deixou de haver animação no Lar, antes ouvíamos algumas músicas que nos deixavam mais alegres, agora o silêncio é sepulcral. Querem fazer do Lar uma empresa, não veem utentes nem pessoas, veem apenas números».

Mas nem só utentes contactaram o nosso jornal testemunhando que nem tudo está bem. Também funcionários relataram a existência de vários despedimentos “ilegais”, que depois foram revertidos, e agora um despedimento coletivo, alegando a redução de utentes, quando o lar está a recusar o acesso a dezenas de candidatos «não se entende», dizem e acrescentam que não concordam com o facto de as suas funções terem sido entregues a empresas externas «é revoltante todo este processo de despedimentos que afeta pessoal com cerca de 20 anos de bons serviços», afirmam.

Um desses funcionários testemunhou haver trabalhadores «que foram verbalmente despedidos sem nota de culpa ou carta de despedimento, simplesmente que arrumassem as suas coisas porque estavam despedidos, atos estes que se vieram a revelar ilegais ou incorretos, alguns mesmo julgados em instâncias judiciais».

Apesar de não conseguirmos confirmar, presumivelmente boa parte da direção eleita já se terá demitido «alegadamente por não concordarem com o projeto levado a cabo pelo “O Lar do Comércio”».

Também esta situação chegou, no passado dia 29 de agosto, à Assembleia da República através do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda que questionou o ministério sobre os alegados problemas laborais na instituição.

O MaiaHoje tentou obter uma reação por parte da direção mas, apesar dos nossos esforços, tal não foi possível.

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