Maia| StarZone quer ajudar no percurso desportivo dos atletas
Mex Machado dos Santos, antigo piloto de automóveis, fez nascer um novo projeto que tem como objetivo apoiar jovens na sua carreira futebolística. Depois de ver que «havia algumas lacunas e que os pais precisariam de alguns conselhos para não se deixarem iludir» Mex criou a “Star- Zone”, uma empresa de comunicação e gestão de profissionais desportivos.
O Maia Hoje esteve à conversa com o maiato e com dois atletas, Luís Moreira e Tomás Silva.
Maia Hoje (MH): Explique-nos como nasceu a “StarZone” e qual o seu objetivo.
Mex Machado dos Santos (MMS): Este projeto começou por ter alguns amigos ligados ao futebol e depois de ver alguma parte do trabalho, achei que poderíamos fazer um trabalho um bocadinho diferente e alcançar um nicho de mercado que ainda não está muito em uso, em Portugal.
Basicamente, os meus filhos começaram a praticar futebol, portanto não gostam de automóveis de competição e são apaixonados pelo futebol. Depois de ver que algumas pessoas tentaram fazer uma abordagem a um dos meus filhos sobre contratos de 10 anos, o que é ilegal (não se pode fazer contratos com crianças até a uma certa idade, muito menos aos 12 anos) vi que havia algumas lacunas e que os pais precisariam de alguns conselhos para não se deixarem iludir, digamos assim. Mediante isso, criamos uma estrutura, onde através dos jogos dos miúdos que vamos observando e de conselhos de algumas pessoas, que dizem que existe um miúdo que é bom no futebol, aqui ou ali, falamos com os pais para saber se querem que comece a promover o filho, da melhor maneira possível para enquadrar neste mundo do futebol. Sendo certo que nós tentamos no fundo, realizar o sonho do jogador ou da criança. Se é do Porto tentamos encaminhar que vá para o Porto e fazemos tipo uma passagem a um empresário que tenha ligações ao Porto ou que o consiga colocar. Se for do Benfica, igual. No fundo, não nos agarramos à criança ou ao jogador de futebol, em si, para a vida toda, tentamos é que ele chegue a um certo local. Mas como tudo na vida, para se saber se é um bom jogador, tem que se ver e ser visto. Muitas pessoas esquecem-se que há muitos e bons jogadores de futebol, nós sabemos que em Portugal temos muito bons jogadores, muito mais agora com isto do Cristiano Ronaldo ser o melhor do mundo e vivermos o futebol de segunda a segunda feira. Quase todos os dias temos jogos de futebol na televisão. Muitos jogadores estão a tornar-se com imensa qualidade, com muita informação que vão obtendo, quer com as redes sociais, quer de seguidores de jogadores de futebol. Eles percebem que há táticas, alimentações a mudar e temos muita qualidade. O problema, muitas vezes, não é a criança ser um bom futebolista, o problema é ter um bom foco, uma boa alimentação, uma boa projeção de imagem, provavelmente estudos que hoje em dia são cada vez mais importantes e isso tem que ser conciliado com os pais e é isso que nós fazemos. Tentamos ajudar e promover para que ele consiga alcançar o seu sonho.
MH: Numa primeira fase, os jogadores observados são do concelho da Maia ou o projeto engloba outros concelhos?
MMS: Temos dois jogadores da Maia, um deles não gosta de aparecer e, portanto, respeitamos isso, não tem redes sociais nem nada disso. Temos um de Valongo e temos um de Baltar (Paredes) e estamos a conversar com outros. Muitas vezes há pais que nos tentam abordar para fazer algo com ele, mas também não queremos ter muitos, queremos poucos, mas bons e dedicar o tempo que eles merecem para tentarem progredir.
MH: Alguns dos jogadores que vão buscar, são órfãos ou necessitam de algum apoio financeiro para prosseguir o seu sonho, correto?
MMS: Nós estamos ligados a uma associação, ou seja, patrocinamos a associação “Por Ti” que, basicamente, tenta através do desporto dar uma integração na sociedade a jovens atletas, normalmente são jovens órfãos ou retirados aos pais por maus tratos, que são condições extremamente difíceis. Em parte, mostrar também aos meus filhos e aos outros atletas que a vida não é assim tão fácil e perceberem que são uns privilegiados, em terem uns pais que lhes proporcionam as condições necessárias, para que eles possam praticar o desporto. Muitos deles fazem muitos esforços. Por outro lado, a essas crianças que estão na associação “Por Ti”, nós conseguimos pagar-lhes as despesas todas com apoios de algumas empresas, eu pessoalmente também e alguns amigos meus e tentamos fazer com que eles consigam realizar os treinos, as deslocações, a logística, ter o equipamento, pagar as quotas porque há muitos anos não se pagavam as quotas dos clubes. Hoje em dia, qualquer criança que jogue tem de pagar as quotas. Infelizmente apercebemo-nos, através da “Por Ti”, que as associações não têm dinheiro para estar a pagar a cada miúdo que têm no futebol, ou patinagem artística ou hóquei em patins e percebemos que devíamos fazer algo mais por eles.
MH: Sendo da área dos automóveis, como é que surgiu esta ideia completamente diferente da sua?
MMS: É muito diferente, aliás eu faço coisas muito diferentes, também tenho uma empresa de tecnologia. Portanto, isto do desporto foi sempre uma coisa com a qual estive ligado desde criança. Eu comecei no ciclismo, com seis anos de idade, fui campeão e vice-campeão nacional, ganhei a minivolta a Portugal. Depois o meu pai caiu na asneira de me dar uma mota e passei para Enduro. Do Enduro passei para os automóveis e fui profissional 12 anos. Durante esse tempo todo, tentei sempre falar da Maia, inclusive tinha o apoio do MaiaHoje e da rádio local, foram sempre os meus primeiros patrocinadores porque achei que era importante. Se eu estou a viver numa cidade tenho que a tentar projetar, foi sempre isso que tentei fazer, fui sempre considerado como um piloto maiato. Comecei nos ralis porque ganhei um concurso entre 300 concorrentes, tive a felicidade de ter essa vitória que me proporcionou seis ralis. A partir daí, devido aos bons resultados, fui sempre evoluindo. Mas chegamos a uma parte da vida em que temos filhos, vida profissional e faço esporadicamente um rali ou outro. O último que fiz foi em 2019, antes da pandemia e os meus filhos disseram «pai, isto é muito chato». Por outro lado, tinha amigos e conhecidos ligados ao futebol e achei que o mundo do futebol faz muito mais do mesmo, por isso é que vamos para um nicho de mercado diferente. Isto não é parte da minha vida, ou seja, não vivo disto, tenho outros negócios, mas o desporto foi sempre uma paixão e ajudar os outros, principalmente se forem crianças. Nós patrocinamos um clube aqui na Maia, pagamos o equipamento e a alegria que me deu por um valor simpático, diria assim, pelo valor de um capacete que eu comprava nas corridas, dois por ano, e consegui ver mais de 20 miúdos felizes pelo equipamento, todos orgulhosos, cheios de sorrisos e isso vale muito mais, do que pensarmos só em nós mesmos.
MH: Este projeto engloba atletas de idade até que idade?
MMS: Por norma, apoiamos a partir dos 12 anos por uma questão de serem demasiado novos e mesmo com 12 anos nós assumimos alguns riscos porque pagamos algumas despesas, temos pessoas a trabalhar a tempo inteiro na “StarZone” e o miúdo depois pode deixar de gostar de futebol ou o pai pode achar que ele está a tirar más notas e não pode jogar futebol ou tem uma namorada nova e ganha outros interesses, portanto corremos aqui um risco. Os miúdos e os pais não nos pagam absolutamente nada, nós tratamos de toda a imagem e depois se ele singrar como campeão ou um grande futebolista, aí passariam a pagar um agente normal de futebol, mas até lá não pagam absolutamente nada.
MH: Neste momento tem cerca de quatro futebolistas, correto? Para o futuro, pretendem angariar mais futuras estrelas?
MMS: Não queremos ter mais de sete, sendo que agora estamos em negociações com uma menina porque o futebol feminino também é importante, assim como os direitos de igualdade. Inclusive temos jogadoras de futebol muito boas e profissionais e eu acho que é uma aposta que devemos fazer. Então, estamos em conversações com um pai para ver se chegamos a um acordo, porque neste momento ela não está a tirar muito boas notas e o pai acha que não é o momento, mas seguramente vamos fazer. Queremos ter poucos e trabalhar bem com eles.
MH: De que forma é que as pessoas chegam até à “StarZone”?
MMS: Até aqui foi sempre alguém que aconselhou alguém. Um dos casos foi um pai que tinha dificuldades económicas e nós tentamos ajudar, não foi pelo talento mas para que possa continuar com a sua vida. Temos um website www.star-zone.pt e quem quiser, se acha que descobriu um talento, pode enviar-nos uma mensagem. Normalmente a pessoa que nos envia o contacto, se nós gostarmos do miúdo que estiver a jogar, ela também passa a ser parte integrante desse projeto, ou seja, como o descobriu queremos que participe no projeto juntamente com ele ou com os pais, caso estejam todos de acordo. Também nos podem contactar através das redes sociais, ainda somos muito “low profile” no sentido que não queremos aparecer muito.
O menino que sonha ser um novo Messi
Apenas com 12 anos, Tomás Silva joga no Dragon Force, sonha ser um futebolista como Messi e chegar até ao Arsenal ou Barcelona. Começou a sua carreira desportiva aos cinco anos, no clube da sua terra (Valonguense) passando por uma escola do Braga, onde esteve três anos. Antes de chegar ao Dragon Force, esteve uma época no Penafiel.
Tomás Silva é portista e o seu jogador favorito é o Otávio «porque joga na mesma posição que eu e gosto de o ver jogar».
Guarda-redes: «pensava que era uma posição que não tinha de correr tanto»
Luís Moreira tem 13 anos e é guarda-redes no FC Parada, onde começou aos 10 anos. Quando era mais novo inscreveu-se no karaté, «mas não gostava». Escolheu a posição de guarda-redes, uma vez que «pensava que era uma posição que não tinha de correr tanto» mas logo descobriu que era a sua paixão. Hoje, sonha em jogar pelo Benfica ou pelo Barcelona.
Luís veio à entrevista acompanhado pela mãe, Lurdes Moreira, que nos contou como conheceu a “StarZone” «foi num jogo contra a equipa do filho do Mex (…) ele viu o Luís e, logo a seguir foi ver o treino. Depois o Mex veio falar connosco e ficamos um bocado receosos, mas aceitamos a ajuda». Quanto às vantagens de estar nesta empresa, Lurdes explica que a StarZone ajuda a manter a boa imagem do atleta e «mostrar o potencial dele».
