Maia| Edifício Lidador

Maia| Edifício Lidador

É o último símbolo vivo identitário da antiga Praça do Município, na época Vila da Maia, que ainda hoje sobrevive na actual Praça Vieira de Carvalho.

O magnífico, para a Maia de então, edifício Lidador foi construído no início dos anos 50 do século XX por Albino Daudet da Costa Mendes regressado do Brasil à sua terra natal, Barreiros da Maia.

Albino era descendente da família mais numerosa de tamanqueiros de Barreiros, quando nasceu no princípio do século XX.

Albino Mendes, após ter sido criada a nova Praça do Município e o seu admirável jardim no final da década de 40, foi o grande impulsionador da modernização dessa zona central da Vila da Maia.

Edificou um pequeno mas belo Palacete rodeado de jardins, sua residência, lamentavelmente destruídos na minha opinião, e depois do “Lidador” fez os contíguos “Guanabara” e “Alvorada” que ainda se mantêm.

Albino Mendes veio dar continuidade ao que o seu conterrâneo, o Visconde de Barreiros, fez 70 anos atrás também regressado do Brasil e também de origem simples, quando iniciou o desenvolvimento dessa zona do lugar do Picoto, e que hoje é a zona central da Cidade da Maia.

Este edifício “Lidador”, onde julgo descortinar inspiração “ Art Deco”, passou com o tempo a ser conhecido pela designação do café, confeitaria e restaurante que surgiu no rés-do-chão, o “Miramaia”, que paulatinamente devido à sua modernidade, ao seu serviço, à sua sedutora confeitaria, à bela imagem exterior com aquelas letras de estilo e iluminadas da Neolux à frente da inovadora pala, contribuiu para todo o edifício passar a ser referido como o “Miramaia”.

O “Miramaia” encerra em si uma grande história, rica pelas figuras que o dirigiram, pelos seus empregados, pelos notáveis clientes que a ele ficaram ligados, pela clássica decoração, pelos encontros e tertúlias que aí se fizeram, por aparecer aí a primeira televisão na Vila da Maia no fim dos anos 50, pelas suas extensas varandas se encherem de Maiatos nos momentos mais importantes da sua Vila, pelos seus modernos bilhares no primeiro andar, pelo seu balcão onde chegaram pela primeira vez à Maia os jesuítas, mil-folhas, tíbias, bolos de amendoim, sidónios, de feijão, queques, bolos de arroz, etc.

Poderia, se a sua evolução nas últimas décadas tivesse sido mais tradicional a par de modernidade compatível com o seu passado e a sua história, hoje poderia ser o nosso pequeno Guarani ou Majestic, que muito honraria a antiga Vila da Maia e a Cidade da Maia moderna e actual. Consta que poderá ser destruído em breve a par do edifício contíguo, antigo Tribunal e que substituiu o saudoso Cine Teatro da Maia, para ser construído um edifício novo nesses dois espaços. A ser feito isso espero que a fachada do “Lidador” seja preservada, a bem da sua memória.

Escrito por Fernando Teixeira

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