Maia| Buraco de mais de 360 mil euros à espera de resposta

Maia| Buraco de mais de 360 mil euros à espera de resposta

A três de novembro de 2022, o MH noticiava um acidente na Rua Central do Carvalhido, na freguesia de Moreira, concelho da Maia. Um camião, que transportava cerca de 13 toneladas de ração, caiu num buraco provocado por um aluimento de terras, que terá afetado a principal conduta de fornecimento de gás do concelho.

Passados cerca de seis meses, após alerta da população, o Maia Hoje visitou o local, e verificamos que a situação continua praticamente na mesma.

Zélia Azevedo tem 93 anos de idade e a sua casa foi uma das afetadas pelo acidente. Há uns meses atrás, Zélia tinha no seu quintal várias árvores, nomeadamente Pereiras, mas agora não sobra nada, senão um grande buraco no mesmo espaço «afetou tudo, principalmente o meu quintal, os portões e a grade». Devido à sua idade, a moradora diz que é o seu sobrinho que trata dos assuntos, mas não se lembra de a contactarem «ninguém se responsabiliza (…) deviam vir aqui arranjar, mas ninguém arranja. Quero que me arranjem o muro e o portão», disse.

Já Natália Adam vive na mesma rua e recorda o dia da tragédia «eu vi o camião a cair, na altura pensei que a rua toda ia cair e continuo a ter medo». Assim como a sua vizinha, Natália diz ainda não ter tido novidades «só recebi a resposta a um email que tinha enviado para a Câmara Municipal da Maia, com uma justificação de falta do dia para apresentar na empresa», revelou à reportagem MaiaHoje Tv.

Apesar da sua casa não ter sido afetada, o passeio encontra-se rachado e o estacionamento na rua é impossível «o meu vizinho da frente tem o carro preso na garagem porque não o consegue tirar». Para além desta situação, Natália chamou a atenção para o facto de o poste não estar seguro «no inverno tivemos medo que este poste caísse (…) ainda não vi ninguém aqui a trabalhar, só colocaram esta rede».

O Maia Hoje contactou Carlos Moreira, presidente da Junta de Freguesia de Moreira da Maia, que referiu «a Junta de Freguesia está conhecedora e atenta. É também um problema técnico e jurídico complexo. Tem demorado muito tempo porque a intervenção tem que ser muito bem pensada e executada».

É importante referir que, segundo o presidente, a Rua Central do Carvalhido é atravessada por uma mina com mais de 300 anos e dirige-se à Quinta do Mosteiro, situada junto ao mosteiro de Moreira «nesse pressuposto estamos a entrar em terrenos que não são públicos, de direito privado, percebemos que o que aconteceu ali tem a ver com uma mina, que é privada e, por isso, o gabinete jurídico da CM Maia envolveu-se, teve que criar algumas diretrizes e perceber até que ponto se podia intervencionar ou não» explicou Carlos Moreira.

Mas quem é que se responsabiliza pelo sucedido? Segundo o presidente da Junta «os valores da reparação têm que ser passados para quem de direito», ou seja, em sua opinião «alegadamente ao dono da Quinta do Mosteiro» acrescentando que «a informação que nós temos é que vai ser aberto um concurso para a reparação do espaço, de forma urgente».

Carlos Moreira acredita que o pior, a situação de Direito, já estará ultrapassada, sublinhando que se encontra disponível para receber os moradores na Junta de Freguesia e esclarecer questões que lhe queiram colocar.

Contactada a Câmara Municipal da Maia, reitera as palavras de Carlos Moreira e acrescenta que o aluimento «já está solucionado, do ponto de vista da intervenção técnica que irá ser implementada no terreno, após a execução de várias sondagens e de vários trabalhos de índole técnica que permitiram a conclusão do Projeto de Execução designado por “Reabilitação estrutural da mina de água, existente na Rua Central de Carvalhido, na freguesia de Moreira”, bem como de questões de índole jurídica que tiveram que ser devidamente avaliadas».

A mesma fonte camarária adianta que o valor do preço base da empreitada é de 299.995,93 euros acrescidos de IVA e que este irá ser «objeto de um concurso público com carácter de urgência», estipulando-se que «o prazo para a execução da obra seja de 120 dias», alertando no entanto que a obra é «muito complexa, podendo dar aso a trabalhos complementares imprevisíveis, decorrentes das escavações que irão ser efetuadas no local, o que também poderá afetar o cumprimento do prazo de conclusão de obra estabelecido», transmitiram a terminar.

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