Grupo Regional de Moreira da Maia vive e revive desfolhada
As desfolhadas são uma antiga tradição a perder-se gradualmente tal como tantas outras, fruto do progresso e modernização que permite executar a mesma tarefa de forma rápida e menos trabalhosa. No entanto, esta evolução também trouxe consequências, onde o divertimento, a confraternização, a entreajuda e até o namoro deixaram de ser algo constante nestas atividades.
Querendo combater a extinção das desfolhadas, o Grupo Regional de Moreira da Maia (GRMM) faz questão de manter esta tradição e a história de uma região ainda rural. Assim sendo e habituada pelos pais, Lucília Santos, presidente da direção do GRMM, abre todos os anos as portas de sua casa à tradicional Desfolhada e Arraial Maiato, um evento realizado no passado dia 12 de outubro e que contou com mais de 300 pessoas. «Fui criada numa casa de lavoura, porque os meus pais eram agricultores. Vamos fazer uma desfolhada como antigamente se fazia na casa dos meus pais e dos meus avós, que era aos fins de semana à noite» explicou Lucília Santos, sublinhando que «enquanto eu estiver no grupo, quero manter essa tradição e ensinar aos mais jovens estas tradições, para que não estejam sempre nos telemóveis».
Convidado pela responsável, o Maia Hoje fez questão de conhecer esta festa, presenciando a animação, boa disposição e união promovidos por estes convívios, num convívio harmonioso entre a dança, a gastronomia e os cantares.
Ao entrar naquela casa, o cheirinho a comida pairava no ar e eram visíveis as filas de pessoas que esperavam por uma deliciosa e caseira refeição. Na cozinha eram preparados vários pratos típicos portugueses, como as pataniscas, papas de sarrabulho, rojões, moelas, bifanas e o caldo verde.
Ao mesmo tempo, o GRMM preparava-se para atuar, dando início ao desfolhar do milho. Mais que uma simples tarefa agrícola, as desfolhadas são momentos de convivência, música, dança e partilha de histórias. À medida que as espigas de milho eram separadas do folhato, ouvia-se a expressão que toda a gente ansiava “Milho-Rei”, obrigando as pessoas a abraçarem ou beijarem os restantes, tal como manda a tradição. Gargalhadas eram audíveis quando uma pessoa encontrava mais do que uma espiga vermelha.
Noutros tempos, o controlo sobre as raparigas era muito rigoroso por parte de mulheres mais velhas, o que tornava complicado momentos a sós entre casais. Assim, as desfolhadas eram oportunidades valiosas para se aproximarem.
Já cumprida a tradição, era altura de iniciar a atuação do grupo de folclore, onde mais tarde os convidados se puderam juntar, criando um momento divertido e engraçado para quem não sabia dançar.
No final ainda houve tempo para cantar os parabéns à aniversariante Lucília Santos. Para o ano garantem há mais.