Gripe e Doenças Cardíacas: a relação que deve levá-lo a agendar a sua vacina
A gripe não é uma doença benigna, sobretudo em pessoas com doenças crónicas ou em idade avançada. Para além dos efeitos respiratórios, sabe-se hoje que a infeção gripal aumenta de forma significativa o risco cardiovascular. A inflamação provocada pela gripe atua como um “gatilho” capaz de desestabilizar a placa aterosclerótica e precipitar enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) ou morte súbita por arritmia.
Estudos recentes confirmam os dois factos:
– nas duas primeiras semanas após a infeção gripal, o risco de enfarte aumenta 5 a 6 vezes e o risco de AVC cerca de 2 a 3 vezes;
– em pessoas com insuficiência cardíaca, a gripe pode descompensar gravemente a doença.
A vacinação contra a gripe protege o coração.
Vacinar-se contra a gripe reduz não apenas a probabilidade de complicações respiratórias, mas também o risco cardiovascular. Os benefícios são comparáveis aos de outras medidas preventivas como tratar a hipertensão, controlar o colesterol ou deixar de fumar.
Em 2025, as principais sociedades científicas (OMS, ECDC, ESC, CDC) reforçam a recomendação de vacinação anual para:
– pessoas com 65 ou mais anos,
– adultos entre os 60-64 anos (faixa etária com elevada incidência de enfarte),
– portadores de doença cardiovascular, diabetes, doença respiratória crónica, insuficiência renal ou imunossupressão,
– grávidas,
– profissionais de saúde.
A vacina é gratuita em Portugal desde 2021 e pode ser administrada em simultâneo com a vacina contra a Covid-19 ou a vacina contra o pneumococo, sem prejuízo da eficácia.
Resultados em Portugal
Segundo os dados do vacinómetro 2024/2025, já disponíveis: 90,1% dos indivíduos com 65 ou mais anos foram vacinados, 85,6% dos portadores de doença crónica, 70,8% dos profissionais de saúde em contacto direto com doentes, 58,2% das pessoas entre os 60 e 64 anos, 62,4% das grávidas. Apesar da boa adesão, é crucial aumentar a vacinação nos adultos mais jovens com risco cardiovascular, muitas vezes os mais afetados por enfartes precoces.
Conclusão
Não tomar vacina é deixar de lado uma medida eficaz contra doenças cardiovasculares. A vacinação contra gripe permite também maior proteção cardíaca.
Opinião de Ovídio Costa,
Cardiologista


