Envelhecimento, Doença e Medicina Anti-envelhecimeto.
Diz-se, por vezes, “morreu de velhice”. Perguntar-se-ia, neste caso, qual a idade e o motivo que vitimou o indivíduo: “Tinha 84 anos e teve um AVC”.
No tempo dos meus avós dir-se-ia, certamente, o mesmo de um individuo de 64 anos. Os atestados de óbito da rainha Elizabete II, aos 96 anos, e do príncipe Phillip, aos 99 anos, apresentaram a idade avançada (“old age”) como causa de morte. Mais tarde poderemos abordar mais aprofundadamente o conceito de morte por idade avançada, uma vez que quase nunca a velhice é atualmente aceite como causa de morte. Isto é, a maioria dos médicos interpretam que atribuir a morte à velhice é sinal de que a causa não foi bem investigada. Na prática, a causa de morte deve ser uma condição que figure na listagem do CID (Código Internacional de Doenças), que reúne mais de 17 mil condições.
Recentemente, houve uma discussão sobre incluir ou não os termos senilidade ou velhice neste código, mas prevaleceu o entendimento de que velhice não é doença e, por isso, não poderia figurar no CID. Preferiu-se usar o conceito de “Declínio da capacidade intrínseca associado ao processo de envelhecimento”. Independentemente disto, alguns países aceitam que se use este termo no atestado de óbito, no caso do Reino Unido e Japão, em especial quando o paciente tem mais de 80 anos e o médico que o acompanhou por um longo tempo observou um declínio progressivo de saúde.
Talvez ainda mais importante seja a constatação de que as principais causas de morte após os 70 anos (ver figura) continuam a ser as entidades para as quais a medicina nos últimos anos encontrou soluções muito eficazes para o tratamento e prevenção.

Significa isto que a esperança média de vida continuará a aumentar de forma muito evidente nos próximos anos, especialmente se a nossa preocupação for manter permanentemente o melhor potencial de saúde possível independentemente da idade cronológica. A prevenção, hoje mais do que nunca, é a chave mestra para o envelhecimento saudável.
Prof. Ovídio Costa. Cardiologista e professor da FMUP.