André Almeida: «O meu objetivo é conseguir fazer a diferença na Maia»
Em plena preparação para as próximas eleições autárquicas, o Maia Hoje e o Jornal da Maia sentam-se com André Almeida, candidato à Câmara Municipal da Maia pelo partido Chega. No anfiteatro exterior do Fórum da Maia, o empresário e fundador da concelhia maiata do partido fala do seu percurso pessoal, das razões que o trouxeram de volta à vida política ativa e da vontade de “fazer diferente” num concelho onde quer implementar mais segurança, maior transparência e um novo modelo de governação local.
MH: Pergunto-lhe, quem é o cidadão André Almeida?
André Almeida (AA): O cidadão André Almeida é o filho do Zé e da Luísa, donos d’O Gatinho, na Maia. Casado, com os filhos a estudar na Maia e um cidadão comum, como tantos maiatos que aqui existem, que nasceram, que cresceram, que fundaram a sua família na Maia, e o André Almeida cidadão é exatamente essa pessoa. Nasceu, cresceu na Maia, tem cá a família, tem cá as empresas também, no caso três empresas, e foi sempre uma pessoa crítica, preocupada com o bem comum, até porque lá está, é a terra que me viu nascer, que me viu crescer, e eu acho importante que todos nós, principalmente quem não faz da vida uma carreira política, de alguma forma, olhe um bocadinho fora da caixa, digamos assim, e consiga, de alguma forma, aportar à política as preocupações mais reais de quem vive os problemas e não tanto de quem está fechado num escritório e acha que os problemas são este, aquele e o outro, e às vezes não é exatamente assim que nós, que estamos cá fora todos os dias, sentimos os problemas.
Já o candidato é esta pessoa com esta experiência de vida, com esta história de vida, com uma vontade enorme de mudar a política local, trazer mais e melhor, mais rigor, mais transparência, mais segurança, e que se revê neste projeto político, onde já estou há seis anos, e que acho que efetivamente é o único projeto político que nós temos neste momento capaz de reformar o país, e para reformar o país teremos que reformar os municípios um a um.
MH: Falando agora na sua carreira política, sabemos que não é a sua primeira candidatura, como é que renasce em si e também no partido esta ideia da sua recandidatura?
AA: O Chega nasceu pouco antes de 2021 e sou um dos cofundadores da Concelhia da Maia. Fui eu que estruturei inicialmente tudo e que tratei de todo o projeto autárquico em 2021. Entretanto fui eleito para a Comissão Política Distrital do Porto e deixei outra pessoa no meu lugar para que pudesse organizar as coisas da Maia, estando eu noutro local. Entretanto tive algumas dissidências, vamos dizer assim, com a Comissão Política Distrital do Porto, demiti-me e afastei-me dos órgãos do partido.
No verão de 2023 foram feitos os primeiros contactos novamente, no sentido de eu voltar, porque as coisas não estavam devidamente estruturadas na Maia, e houve a indicação expressa do partido que pretendiam contar comigo para esta candidatura.
Mantive o meu critério, o meu rigor e a minha preocupação, não deixei de ir às Assembleias Municipais e de acompanhar os eleitos do Chega de 2021. Portanto, dado que os meus valores e os meus princípios não mudaram, não me parecia razoável trocar de camisola só porque há uma ou outra coisa em que não nos revemos no partido. Se nos tivéssemos que rever a 100% num partido, cada um de nós criaria um, e, portanto, seria muito mais complicado nas eleições. Acho que é o projeto político, no computo geral, correto para conseguirmos mudar o país e o município da Maia, que é o que me importa a mim, especialmente, e acabei por aceitar e voltar a este projeto.
MH: Existem muitas pessoas que dizem votar no Chega, não pelas ideias, mas sim como um voto de protesto. Concorda?
AA: Há 3 anos atrás isso era uma realidade. Hoje em dia poderá acontecer, mas é algo muito mais esporádico.
Eu acho que já temos demonstrado e eu não gosto de citar pessoas que não têm as mesmas ideias que eu, mas citando o Primeiro-Ministro, o Chega está normalizado há muito tempo e já está a demonstrar responsabilidade na governação.
Neste momento já não me acredito que seja tanto um voto de protesto como foi anteriormente, e admito que em 2021, quer nas autárquicas, quer nas presidenciais, quer mesmo nas legislativas seguintes, admito que houvesse muito voto de protesto.
Neste momento, com crescimento que o partido teve já não me acredito que seja só um voto de protesto. Acho que as pessoas comungam com as ideias que o Chega traz- maior segurança; controlo da imigração; transparência e redução da corrupção que, infelizmente, é um mal muito interiorizado, vamos dizer assim, na política em Portugal, e, portanto, neste momento, muito honestamente, já não me acredito que seja tanto um voto de protesto, ainda admitindo que possa haver casos esporádicos que sejam.
MH: No caso concreto da Maia, o que seria uma vitória para si?
AA: A vitória será o que os maiatos decidirem, muito honestamente. Se me perguntar se eu tenho um objetivo, tenho. O meu objetivo é conseguir fazer a diferença na Maia para que as pessoas possam ver que vai haver uma diferença de políticas, uma diferença na maneira de fazer política, e isso, para mim, é efetivamente importante. Agora, há muitos cenários possíveis para isso acontecer, desde nós elegermos um vereador e ser, de alguma forma, o vereador preponderante por tirar a maioria ao PSD, desde nós conseguirmos formar um grupo parlamentar na Assembleia Municipal que nos permita, também, lá está, fazer frente a uma maioria que decide tudo de forma unilateral, e acho que só dessa forma é que nós poderemos, de facto, dar alguns sinais aos maiatos de que é possível fazer diferente.
É lógico que os maiatos são soberanos e decidirão em conformidade, mas só desta forma é que será possível mostrarmos alguma diferença. Se me perguntar o meu objetivo é esse? Não, o meu objetivo é entrar nestas eleições para ganhar e faremos tudo nesse sentido.
Já não estamos a falar de um partido protesto, que tinha meia dúzia de pessoas a trabalhar. Tenho uma equipa fantástica comigo, tenho candidatos às Juntas de Freguesia das freguesias, preocupados com as freguesias, pessoas com muita vontade de trabalhar, com muita vontade de fazer diferente, muitas delas com a simples missão de trazer algum bom senso, às vezes, aos gastos da política. Estou em crer que, de facto, temos uma candidatura forte, tanto na Câmara, como na Assembleia, como nas freguesias, e o objetivo será ganhar. Se é possível ou não, só os maiatos saberão dizer.
MH: Quais são as maiores prioridades?
AA: A prioridade, sem dúvida alguma, é avançar como Auditoria Financeira e Forense à parte dos negócios feitos pela Câmara, dos recursos humanos da Câmara, para podermos fazer uma reorganização, porque nos parece que, de alguma forma, está sobredimensionada a necessidade que possa existir.
Outra das prioridades é que o Portal da Transparência da Câmara Municipal da Maia funcione, efetivamente, ao segundo. Porque nós temos um portal em que se participam algumas coisas, que se tornam públicas, mas outras não se tornam, e é importantíssimo que isso funcione ao segundo, se me permite a expressão, no sentido que, se estamos a fazer um negócio na Câmara hoje, ele hoje tem que estar publicado para que as pessoas tenham conhecimento dos contornos, e nós temos assistido, nos últimos anos, a alguns negócios que não são tão claros quanto isso. E, portanto, estas duas são prioridades absolutas para o primeiro dia.
Depois, outra das prioridades muito importante, prende-se com a segurança da cidade. Nós não vivemos numa cidade insegura, mas vivemos numa cidade que já foi muito mais segura do que é. Quem viveu nesta cidade em 1990 e nos anos 2000, percebe que há uma clara diferença na segurança e no à vontade que as pessoas têm de sair à noite, andar numa rua à noite, que não é, de forma alguma, a mesma liberdade, e a segurança entronca muito na liberdade. Não é a mesma liberdade que existia há 20 anos atrás, porque a insegurança existe, os perigos existem. Há quem lhe chame sensações, eu chamo-lhe realidade, e não é a primeira notícia que sai com questões destas na Maia, e, portanto, eu acho que, se nós queremos ter uma liberdade plena, temos que trazer segurança à cidade. A meu ver, isto é muito simples de colmatar. Nós temos uma Polícia de Segurança Pública (PSP), em quem podemos oferecer melhores condições, no sentido das esquadras, e de uma parceria com a Polícia Municipal, sendo certo que sabemos que não podemos reforçar a equipa da PSP, isso é uma missão exclusivamente do Ministério da Administração Interna, mas podemos profissionalizar a Polícia Municipal da Maia, pô-la a trabalhar 24 horas por dia, reforçar os meios, reforçar mesmo a formação que estes agentes têm, podemos introduzir as câmaras de videovigilância nos maiores aglomerados populacionais, que é algo já muito estudado, 100% seguro, não restringe a liberdade das pessoas, não filma casas, não filma janelas, mas, ao mesmo tempo, vai servir de efeito dissuasor a quem gosta de promover a insegurança, seja por roubos, seja até pelo próprio vandalismo, porque vai estar fácil de identificar quem são as pessoas, e lá está, e reforçando também a Polícia Municipal, poderemos ter uma presença mais musculada nas ruas, com o policiamento de proximidade, que é também um efeito dissuasor, e eu acho que estas são as três questões mais urgentes na Maia.
Obviamente que temos outra questão, mas depende muito da geometria, que é o devolver, de alguma forma, alguma capacidade financeira às famílias. Não me parece razoável que num ano como o que tivemos o ano passado, em que tivemos um orçamento que excedeu o pensado em 30 ou 40 milhões de euros, e uma execução de quase 50% do orçamento de despesa, em que há um excedente orçamental e um lucro do final do ano de 2024 da Câmara da Maia, 17 milhões de euros, e não se tenha pensado em devolver o IRS às famílias, em que não se tenha pensado em baixar o IMI, que diga-se, para mim e para nós, é um dos impostos mais estúpidos que existe, uma pessoa compra uma casa e tem que pagar uma renda, ainda assim, que não se pense em baixar a derrama, que não se pense em criar algumas medidas que permitam às empresas e às famílias terem mais capital no bolso e que, de alguma forma, permitam também ter uma qualidade de vida um bocadinho melhor.