Paula Neves: «Aquilo que fazemos para conseguir levar as nossas ideias ou propostas avante, é criar com diálogo e com construção»
O Maia Hoje e o Jornal da Maia conversaram com Paula Neves, candidata à Câmara Municipal da Maia pelo partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN). No espaço verde da Quinta da Gruta, a engenheira florestal, residente em Nogueira da Maia, partilha o seu percurso pessoal, a ligação profunda às causas ambientais e sociais, e a ambição de transformar a Maia num concelho mais sustentável e justo, com medidas concretas nas áreas da habitação, proteção animal e ambiente.
Maia Hoje (MH): Quem é a cidadã Paula Neves?
Paula Neves (PN): A cidadã Paula Neves mora na Maia há 11 anos, em Nogueira da Maia. Sou engenheira florestal de formação, um curso que fez para mim todo o sentido pelas minhas causas ambientais, pelo meu gosto pela natureza e pela proteção ambiental. A cidadã Paula Neves está casada, não tem filhos, mas tem dois enteados e tem quatro cães.
MH: Representa o partido Pessoas, Animais e Natureza (PAN). Na Maia, onde é que acha que é mais preciso intervir? Nas pessoas, nos animais ou na natureza?
PN: Eu acho que faz falta intervir nas três componentes daquilo que o PAN representa, nos animais, nas pessoas e na natureza.
Há lacunas nos três aspetos. Nas pessoas há claramente um problema com a crise da habitação, com os preços elevados das casas e as pessoas têm muita dificuldade em comprar casa ou alugar casa na Maia.
Na natureza, na parte ambiental de floresta urbana, não existe, na Câmara da Maia, um regulamento interno sobre a floresta urbana. O Instituto da conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) já regulamentou que as autarquias deviam ter todas, a nível nacional, o seu regulamento interno. A Maia ainda não tem e ainda nem passamos à frente, que já devia estar implementado e ainda nem sequer tem o regulamento.
Em termos da proteção animal, existe um problema na Maia, com vários aspetos na causa animal. O Centro de Recolha Oficial de Animais (CRO) tem muitas deficiências, precisa de ajuda e de mais funcionários. Em termos de cuidadores das colónias, existe um problema claro. As pessoas precisam de mais ajuda, muitas vezes substituem-se àquilo que deveriam ser as funções municipais e se estão a substituir, com grande pressão emocional, com grande custo financeiro e muitas vezes até são maltratadas e mal vistas porque estão a alimentar animais de rua, quando deviam até ser cuidadas e estão tão preocupadas.
MH: Para resolver e atacar esses problemas, quais seriam as medidas que implementaria?
PN: Em termos de habitação, sabemos que é um problema nacional, que tem que ser resolvido também com medidas nacionais.
Ainda assim, a nível regional, temos algumas medidas que acho que fazem todo o sentido. Primeiro, começar por construir habitações em regime de cooperativa. Foi um sistema que teve muito sucesso no passado e depois foi abandonado, ninguém percebe muito bem porquê, porque tem claramente soluções e sucesso. Outra medida importante, no nosso caso, na Maia, temos uma universidade que traz muitos alunos à cidade e bem, mas isso também causa pressão habitacional, porque esses alunos estão a ocupar quartos ou apartamentos. Se esses alunos tivessem uma residência universitária, não estavam a causar ainda mais pressão quando as pessoas que querem alugar uma casa estão ocupadas pelos alunos. Para além disso, já é tão difícil ter um filho a estudar, porque se pagam propinas e porque há uma deslocação e realmente é super importante termos os futuros dos jovens contemplados e que passem pelo estudo a nível superior, mas ter ainda mais esse custo da habitação na família é muito difícil. Portanto, acho que faz todo o sentido habitação cooperativa, sustentável, com construção sustentável e, pelo menos, uma residência universitária para os estudantes da Universidade da Maia.
MH: Sabemos que o PAN, pelo menos a nível nacional, não é conhecido por ser o partido mais estável.
Perguntava-lhe se o PAN Maia é mais estável e mais coordenado?
PN: Eu não concordo com o facto de ser um partido instável de modo algum. Estou há muitos anos no PAN Maia, assim como a Paula Costa, candidata à Assembleia Municipal.
Em todos os partidos há sempre pessoas que resolvem sair por motivos pessoais ou que lhes dirão, tem que lhes perguntar porque resolveram sair. Eu estou cá. Sinceramente, eu acho que temos um grupo muito coeso de trabalho, com muita união damo-nos todos muito bem, não eramos amigos, não eramos pessoas de família, juntámo-nos ao PAN pela ideologia que nos une e trabalhamos por um bem comum.
MH: Como é que o PAN tem resolvido estes problemas nos últimos quatro anos? Como é que têm trabalhado para a política local?
PN: Eu diria até que não foi só nos últimos quatro anos. Nós já temos representatividade autárquica na Maia desde há 12 anos. Nos últimos quatro anos tivemos uma deputada municipal pela Junta de Freguesia da Cidade da Maia e tivemos a Paula Costa, a minha colega, com representatividade na Assembleia Municipal.
Apresentámos várias moções, temos uma representação, portanto, uma deputada. Muitas vezes, aquilo que fazemos para conseguir levar as nossas ideias avante, ou as nossas propostas avante, é criar com diálogo, com pontos e com construção, porque é assim que tem que ser quando somos um partido mais pequeno ou com menos representatividade e que queremos crescer. Tem que ser com construção, com diálogo e é isso que temos feito.
A Paula Costa tem feito um trabalho exemplar na Assembleia Municipal, inclusivamente, e até falando da lacuna na parte animal, conseguiu, com o partido que está representado na autarquia da Maia, criar uma Comissão de Bem-Estar Animal, que não existia e, inclusivamente, ela é a presidente dessa Comissão de Bem-Estar Animal. Essa comissão tem dado a conhecer a realidade aos outros partidos que estão na autarquia. Graças a essa Comissão de trabalho foi possível conversar com as associações locais – a Cão Viver, o Cantinho do Tareco, cuidadores informais de colónias de gatos – e fazer um levantamento do que falta fazer para se ter mais noção e poder ajudar essas pessoas.
MH: Na Maia utilizam o mote “Maia, a nossa causa”. O que é que esta frase significa para si?
PN: Todos os que estamos representados na Concelhia da Maia somos da Maia, vivemos na Maia. Como vivemos na Maia e queremos para nós o que queremos para os outros, é o nosso bem-estar e os dos outros, porque vemos, por exemplo, em cada Junta de Freguesia as nossas medidas e aquilo que nós preconizamos para melhorias, é o bem-estar de todos. Por exemplo, no Castêlo da Maia é a renovação do mercado, que fosse um centro de encontro para pessoas; na Cidade da Maia, no centro, temos um problema claro, com a mobilidade. Temos o centro da Maia com a estação de metro e que é preciso criar mais estacionamento para que as pessoas possam deixar os carros e deslocarem-se do metro e saírem pela Cidade da Maia para os seus locais de trabalho, há muito a fazer até nesse aspeto.
Somos maiatos e representamos os maiatos.
MH: Nestas eleições, o que seria um bom resultado para o PAN?
PN: A cada eleição que passa temos crescido em termos de votos. Como estamos a candidatar-nos à presidência da Câmara, à Assembleia Municipal e às duas Juntas de Freguesia, um bom resultado eleitoral seria, sem dúvida, eleger as minhas colegas e crescer em votos.