Sente palpitações e tem mais de 65 anos? Pode estar em risco de Acidente Vascular Cerebral

Sente palpitações e tem mais de 65 anos? Pode estar em risco de Acidente Vascular Cerebral

O rastreio de fibrilação auricular (FA) subclínica em indivíduos com 65 anos ou mais e o seu tratamento com recurso a anticoagulantes pode prevenir milhares de acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

Segundo as novas guidelines europeias para o tratamento desta arritmia, a FA não diagnosticada pode surgir em 1,4% dos indivíduos com idade superior a 65 anos, facto que deve encorajar o uso de programas de rastreio sistemático nas populações de risco.

Neste âmbito, o número necessário para rastrear um novo caso de FA seria de 70.  Muito esforço, é certo, mas vale a pena se esse for o seu caso, o de um amigo ou familiar.

Existe uma tendência para os indivíduos mais velhos ignorarem este tipo de sintomas, sendo, em geral, os mais novos os que mais se queixam de batimentos cardíacos, rápidos e irregularidades. As palpitações esporádicas, não consecutivas, do tipo “tropeção”, quase sempre são benignas embora, por vezes, muito incomodativos.

Daí a nossa recomendação:

Se sente batimentos rápidos e irregulares consecutivos, durante 5 ou mais segundos, e se tem mais de 65 anos, consulte o seu médico.

O diagnóstico da FA assintomática pode suspeitar-se durante a palpação do pulso radial: pulso muito irregular, também chamado de “arritmia completa”, podendo o diagnóstico ser confirmado com rigor pelo registo do eletrocardiograma de repouso (A) ou com a monitorização eletrocardiográfica continua, tipo Holter (B). Recomenda-se a monitorização por períodos superiores a 24 horas, isto é, 72 horas se posivel 7 a 15 dias, mesmo que em dias não consecutivos.

Existem atualmente dispositivos portáteis que se podem acoplar ao telemóvel e que permitem fazer registos diários aleatórios ou sempre que tem sintomas, durante vários meses (C).

Porquê esta preocupação ?

– Parte significativa dos AVCs relacionados com a fibrilação auricular não podem  ser prevenidos porque a fibrilação auricular é frequentemente assintomática

– Os AVC relacionados com fibrilação auricular são, em geral, mais extensos, mais graves e causam maior incapacidade que os AVC de outro tipo.

Por isso se aconselha agora, como vimos, o rastreio oportunístico (palpação do pulso radial e registo do eletrocardiograma de repouso sempre que o pulso é irregular (recomendado após os 65 anos).

O rastreio sistemático pode considerar-se acima dos 75 anos e nos doentes de alto risco para AVC.

Proteja-se, fale com o seu médico.

Opinião de Prof. Ovídio Costa
Cardiologista

Professor da Faculdade de Medicina da U.P.

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