Dia Mundial da Paz

Dia Mundial da Paz

Se é no espírito dos homens que nascem as guerras, é no seu espírito que se deve construir a paz, mediante a educação, a ciência e a cultura” (Acto constitutivo da UNESCO, 16 de novembro de 1945).

Segundo Dalai Lama nunca poderemos obter paz no mundo sem conseguirmos estar em paz connosco.”

A paz não se refere somente ao silenciamento das armas, mas a muito mais. Nos tempos hodiernos, tem a ver com o diálogo das religiões, das culturas, do multiculturalismo e da economia.Se quisermos sintetizar, podemos relacionar a paz com a globalização e suas consequências, num mundo interligado, ou seja, no cosmos e no microcosmos.

A paz inicia-se no seio da família, desenvolve-se na escola e consolida-se na sociedade.

É, com efeito, dentro da família que se dão os primeiros passos para a educação, quer a nível da linguagem, da assimilação dos usos e costumes ,da aceitação da autoridadee, da formação dos valores morais e cívicos, da harmonia e paz entre todos os membros da família.

Mas para isso é necessário que a família seja família e não apenas a junção ocasional de dois seres (em princípio homem e mulher).

Se assim não for, será o que todos sabemos: violência doméstica, mortes, agressões entre pais e filhos. Por isso, reafirmamos que a paz, fruto da educação inicia-se na família.

Depois da família, a escola.Se a família educa ensinando, a escola ensina educando.

A escola ensina o quê e como.Quem ensina?.Quem aprende?Questões muito vastas de um universo muito complexo que não vamos analisar.

Quando se diz educação para todos, estamos a dizer para rapazes e raparigas (igualdade de género). Quando se diz para toda a vida, afirmamos que ela é uma exigência de todos os dias da nossa existência. Os objetivos escolares são, grosso modo, aprender aaplicar na prática os conhecimentos teóricos e saber comunicá-los. Aprender a viver juntos, a viver com os outros. É um dos maiores desafios do educador já que se insere na área das atitudes e dos valores, no combate aos preconceitos, às rivalidades, às lutas na escola entre alunos.

A educação deve ter como finalidade o desenvolvimento total do indivíduo, visa o seu desenvolvimento individual, a busca da sua autonomia, os valores, os sentimentos, a liberdade de pensamento, o viver consigo mesmo e, em segundo lugar, com a sociedade e a aprender a empreender.

Hoje em dia, grande parte do destino de cada um de nós, joga-se num mundo global, imposto pela abertura das fronteiras económicas e financeiras; por teorias de livre comércio, pelas novas tecnologias da informação, pela interdependência planetária que não cessa de aumentar, no plano económico, científico, cultural e político.

Depois da paz escolar, a paz na sociedade.

Não é fácil viver em paz na sociedade..Si vis pacem para bellum. Se queres a paz, prepara a guerra escreveram os romanos

Não tratamos aqui da guerra, como a que, por exemplo observamos na Ucrânia e noutras partes do mundo cujos horrores nos espantam, como espanta a leitura do seguinte passo do Padre António Vieira.

“ É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue das vidas, e quanto mais come e consome, tanto menos se farta. É a guerra aquela tempestade terrestre que leva os campos, as casas, as vilas, as cidades, os castelos, e talvez em um momento sorve os reinos e monarquias inteiras. É a guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum que ou não se padeça ou não se tema, nem bem que seja próprio e seguro:-o pai não tem seguro o filho; o rico não tem segura a fazenda; o pobre não tem seguro o seu suor; o nobre não tem segura a sua honra; o eclesiástico não tem segura a imunidade; o religioso não tem segura a sua cela; e até Deus, nos templos e sacrários, não está seguro”

Padre António Vieira, in Sermão Histórico e Panegírico

Mas para viver em paz, temos de conhecer e superar bem as tensões do mundo global em que estamos, todo ele cheio de tensões: tensão entre o mundial, o regional e o local; tensão entre o universal e o particular; entre a tradição e a modernidade; entre o longo e o curto prazo, entre competência e igualdade de oportunidades, entre o material e o espiritual, entre o avanço explosivo dos novos conhecimentos e a capacidade humana de os assimilar Daqui se infere quão difícil é a paz, nos tempos hodiernos. Por isso, em 2022/12/25/ o Papa Francisco, em-bênção de Natal, diz: o mundo-vive-carestia-de-paz.

Em época de paz, os filhos enterram os pais, enquanto em época de guerra são os pais que enterram os filhos. (Heródoto)

É tão importante a paz no mundo que as duas maiores autoridades na Terra (uma no espírito religioso, outra no civil) decidiram relevar o evento. O papa Paulo VI criou o Dia Mundial da Paz, com uma mensagem do dia 8 de dezembro de 1967 para que a partir de 1968, fosse celebrado sempre no primeiro dia do ano civil (1 de janeiro) o Dia Mundial da Paz.

O Dia Internacional da Paz é celebrado anualmente a 21 de setembro. É uma iniciativa a nível mundial estabelecida pelas Nações Unidas em 1981.

Tem como objetivo levar as pessoas a sensibilizaram-se para a necessidade da paz no mundo e para promoverem atos que tenham como resultado o fim dos conflitos entre povos e a consagração da paz mundial.

A concluir: pax vobis (a paz para vós.)

Escrito por Raul da Cunha e Silva, presidente da Assembleia do Clube Unesco da Maia

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