Confraria maiata enaltece a cebola
A Real Confraria Gastronómica das Cebolas, atualmente com 65 confrades, tem focado a sua atividade na divulgação da confraria em todo o país e Espanha, divulgando as suas caraterísticas, História, terra e território e, claro, gastronomia.
Ricardo Cruz, membro da referida confraria, fala ao MaiaHoje sobre a tradição que está por trás da Cebola e da festa que se realiza no Castêlo da Maia.
MaiaHoje (MH): No meio de uma riqueza gastronómica diversificada, porquê a Cebola como “prato” principal que dá o nome à Confraria maiata da “Real Confraria Gastronómica das Cebolas”?
Ricardo Cruz (RC): Com escritura pública a 17 de junho de 2015, a Real Confraria Gastronómica das Cebolas que visa perpetuar o nome e tradição da Feira das Cebolas e tem como objetivo defender e divulgar as qualidades e virtudes das cebolas na gastronomia tradicional, através das receitas originais, dos modos de confecionar pratos regionais bem como através da inovação com o bom uso da cebola.
Tem também como objetivo preservar, defender e divulgar o património histórico, cultural e social da Vila do Castêlo da Maia bem como a recolha, inventariação, conservação, recuperação e divulgação do património cultural imaterial da Vila e Freguesia do Castêlo da Maia.
MH: Qual a tradição da Feira das Cebolas no Castêlo da Maia?
RC: Vila desde 1986, o Castêlo da Maia é uma terra antiquíssima, de tradições seculares tendo sido até 1902 a sede do concelho da Maia.
A sua origem como agregado populacional esbate-se no tempo. Porém, desde épocas remotas as populações das férteis terras de Avioso elegeram como seu polo congregador a área onde atualmente se situa o Castêlo da Maia dada a excelência das condições climatéricas, geográficas e geológicas ali existentes.
Esta área era dominada pelo Castro de Avioso, situado no monte onde hoje se ergue a capela de Santo Ovídio, este Castro Cividas Avenoso ou Castro Amaya como aparece referenciado em documentos antigos, daria origem ao nome da vila pois, não sendo grande, começou a ser designado por Castrelejo ou Castrelo d’Amaya até se chegar ao atual Castêlo da Maia.
Esta era sem dúvida, uma zona privilegiada das terras da Maia que não deixou indiferente, os povos que passaram pela Península Ibérica.
Com efeito aqui se fixaram os Romanos como bem comprovam alguns vestígios por eles deixados, e posteriormente os Mouros que ocuparam o Castro de Avioso até cerca do ano 1000. Por essa altura, Aboazar Ramires conquistou o castro, devolvendo-o à civilização cristã.
Alguns anos depois, em 1038, neste mesmo palco de batalha viria a ser morto Gonçalo Trastamires, avô de Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, lendário guerreiro das hostes de D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal.
Era este o local cheio de história que, ontem como hoje, ocorriam as populações circunvizinhas para satisfazer as necessidades sociais, económicas, culturais e laborais do quotidiano. A sua feira semanal, a mais concorrida da região, atraía gente das mais diversas proveniências que aí efetuava as suas transações.
A centenária feira das Cebolas cujos registos mais antigos apontam para a sua realização ao reinado de D. Luís I era um outro grande acontecimento, onde agricultores de todo o norte se dirigiam com os seus carros de bois carregados de cebolas, de véspera para ganhar o melhor lugar na mais afamada feira.
MH: Sabemos que existe uma ligação grande à Escola Secundária do Castêlo onde há, ao que soubemos, um Curso de Culinária. Qual o Vosso papel?
RC: A Escola Secundária do Castêlo da Maia foi o nosso primeiro parceiro, logo no primeiro ano de existência iniciamos uma colaboração que teve resultados logo com o Concurso Internacional de Cozinha (que já concretizou 5 concursos) quer com diversas criações culinárias que tem um dos exemplos a Bola de Cebola.
HM: Quantos confrades têm e qual o plano de atividades?
RC: Neste momento temos 65 confrades.
O Plano de atividades é muito vasto, incide muito na divulgação da confraria em todo o país e Espanha; divulgando as nossas caraterísticas, a nossa história, a nossa gastronomia e a nossa terra e território. Bem como divulgar a cebola e todas as suas propriedades, vantagens e possibilidades de utilização.
Um exemplo será a Mousse de Chocolate e Cebola que em junho levamos a divulgar a Lisboa com tremendo sucesso e que em setembro voltaremos desta feita num evento maior; o Congresso dos Cozinheiros para voltar a mostrar e divulgar perante toda a comunidade dos cozinheiros pois o nosso objetivo é que a receita seja confecionada por muita gente.