Colesterol. Quanto mais baixo e quanto mais cedo melhor

Colesterol. Quanto mais baixo e quanto mais cedo melhor

Uma das estratégias mais eficazes para prevenir doenças cardiovasculares passa por evitar os efeitos nocivos do fumo do tabaco, comer uma dieta pobre em gorduras saturadas e hidratos de carbono refinados, fazer exercício físico regularmente e manter níveis ótimos para os 4 fatores de risco major: níveis de colesterol total <200 mg/dl, pressão arterial <120/80 mmHg, glicose sérica <100 mg/dl e índice de massa corporal <25 kg/m2.

Vários estudos epidemiológicos sugerem que as pessoas que foram capazes de manter estes parâmetros em níveis ideais ao longo da vida adulta têm risco muito baixo de desenvolver doenças cardiovasculares. Infelizmente, menos de 5% das pessoas foram capazes de mantêm todas estas 7 medidas de saúde durante a idade adulta. O conceito de risco cardíaco cumulativo proporcional à taxa de Colesterol LDL (colesterol mau) explica o motivo porque o risco cardiovascular é muito baixo nos jovens e aumenta de forma significativa com a idade (Fig. 1) e obriga-nos a “repensar a metodologia de prevenção para os 100 anos”.

A maioria das pessoas nascem com valores de LDL entre 40 e 60 mg/dl (carga aterosclerótica herdada). Este valor sobe para 70 nos primeiros 2 anos de vida e vai aumentando ainda mais no início da idade adulta e meia-idade. Sabemos hoje que valores de LDL de 120 mg/dl (correspondente à taxa de colesterol total de “200”) não são suficientes bons porque a larga maioria da pessoas com 50 anos apresentam já placas de aterosclorese nas suas artérias e que, o ideal, seria iniciar a prevenção cardiovascular na infância e adolescência, mantendo os valores de LDL o mais perto possível dos valores dos primeiros anos de vida ( “70 – 80” ). Deste modo poderíamos diminuir a formação/progressão das placas de aterosclerose, fazendo com que  a idade média em que ocorrem os enfartes do miocárdio passasse dos 64 anos para os 100 anos, aproximadamente.

Esta metodologia vai ser particularmente importante quando aplicada aos nossos filhos e aos nossos netos. (ler mais em: Impact of Lipids on Cardiovascular Health: JACC Health Promotion Series. DOI: 10.1016/j.jacc.2018.06.046 )

Escrito por Prof. Ovídio Costa
Cardiologista
Professor da Faculdade de Medicina da U.P.

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