«Considero-me uma pessoa de sorte»

«Considero-me uma pessoa de sorte»

Prestes a dar um grande passo na sua carreia, o jovem guitarrista Filipe Lisboa, residente e trabalhador na Maia, deu uma entrevista ao MaiaHoje para falar sobre o Concerto de Fados e Guitarradas que, nos próximos dias 6 e 7 de setembro, leva ao auditório de Vila do Conde.

Tem 33 anos, trabalha na cultura, mas desde novo que a sua paixão passa pelas guitarras portuguesas. Tal não passou de um gosto até há cerca de 15 anos atrás, altura em que comprou a sua primeira guitarra portuguesa. Mas, como «tudo era muito caro», nomeadamente as aulas, decidiu guardá-la «até que viessem melhores tempos». Só há poucos anos decidiu começar a ter aulas. O seu primeiro professor era da Maia. Aficionado pelos “Verdes Anos” de Carlos Paredes, foi esse o primeiro fado que aprendeu a tocar, em apenas duas semanas. O nervosismo nunca o deixou tocar muitas vezes em público «esse é a minha grande dificuldade», explica.
Hoje, é aluno do guitarrista brasileiro Ricardo Araújo, «sei que parece estranho que o meu professor de guitarra portuguesa, um instrumento tão nosso, seja brasileiro, mas a verdade é que ele é muito bom e nós devemos sempre aprender com os melhores», diz.

A origem do concerto
O professor e mestre Ricardo Araújo, como tem muitos alunos portugueses decidiu, há dois anos, realizar em Alcobaça um concerto/audição. No ano passado o evento voltou a repetir-se no mesmo local e Filipe, como aluno, participou e que diz «não ter corrido muito bem». Filipe achou que «conseguiríamos fazer muito melhor», por isso, fez-se ao caminho e elaborou uma proposta que entregou em diferentes municípios. Vila do Conde respondeu, de imediato, afirmativamente à proposta e, para isso, «bastou apenas uma reunião».

«Consegui um milagre»
Filipe Lisboa diz ter planeado este concerto há mais de um ano. «Este ano consegui, o que considero para mim, um milagre», confessa.
«Aventurei-me a organizar um concerto de Guitarradas, juntamente com o meu professor e grande mestre Ricardo Araújo e, como se não bastasse, elevei a fasquia e convidei pessoas de renome do mundo do Fado, algumas amigas outras não, mas todos a título gratuito, ninguém me pediu qualquer tipo de cachê», refere com entusiasmo, ao acrescentar que ao ser um jovem guitarrista em início de carreira, «contudo e apesar de tudo, considero-me uma pessoa de sorte».

Luísa Amaro é convidada especial
Em palco estarão artistas como Fernando Campos de Castro, poeta maiato e escritor de inúmeros fados, João Paulo Peças, contratenor que canta e encante pelo mundo fora, mas artista residente no Mosteiro de Alcobaça, e a ilustre Luísa Amaro, ex-viola de Carlos Paredes e «um nome muito especial para mim». Aficionado pelo seu trabalho, esta é a primeira vez que tocará, em público, lado a lado com a artista de Alcochete. «Na plateia, terei algumas pessoas conhecidas no mundo do fado e da televisão, o que me enche de orgulho e satisfação».
Este é um concerto que promete agregar no mesmo palco diferentes sonoridades interessantes, a que se irão juntar violinistas, dançarinos e ainda a Grande Orquestra de Guitarras Portuguesas, composta por pessoas de todo o mundo. Confirmados estão já artistas oriundos da Dinamarca, Iraque e Suíça, num conjunto que poderá chegar aos 70 artistas em palco.

Expectativas são elevadas
Para este concerto, Filipe diz ter «elevadas expectativas» porque, explica, «tenho um elenco extraordinário e apoios que muito agradeço». O maiato espera ter casa cheia nos dois dias, num auditório que tem capacidade para cerca de 300 pessoas.
«É caso para dizer que, sem saber ler nem escrever, vamos conseguir proporcionar um excelente concerto. Estou numa fase importante da minha vida a nível musical, e gostaria de desfrutar deste momento ao máximo e ir o mais longe possível», confessa

 

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