Frulact diversifica negócio

Frulact diversifica negócio

Frulact aposta no mercado vegetariano
Segundo o noticiado pelo Negócios, o grupo de preparados de fruta Frulact, sediado na Maia, adquiriu, no passado mês de janeiro, 100% do capital social da start-up de base vegetal 5ensesinfood (5IF). A linha de produção da 5IF em funcionamento, numas instalações arrendadas em Alfena, no concelho de Valongo, vai ser deslocalizada para o complexo industrial da Frulact na Maia, adiantou, reforçando que o presidente executivo do grupo não quis revelar o valor da aquisição da empresa nem a sua faturação.

A Frulac
A Frulact surgiu da vontade do Comendador Arménio Pinheiro Miranda, que, com a experiência profissional acumulada ao longo de 20 anos, identificou a oportunidade deste negócio e concebeu este projeto, associando ao mesmo os seus dois filhos. Esta empresa do ramo de produção de preparados, de primeira e segunda transformação da indústria alimentar, tem sete fábricas, a saber, três em Portugal, Maia (a base de controlo e de gestão), Ferro e a gigantesca unidade de Tortosendo, na Covilhã. Tem ainda uma em França, duas em Marrocos e outra em Pretória, na África do Sul, afirmava João Miranda, atual presidente do conselho de administração, em entrevista exclusiva dada ao Maiahoje em meados de 2016. Referiu que «é a partir desta fábrica, desta base aqui na Maia, que acabamos por fazer a gestão dessas unidades. Centralizamos tudo que tem a ver com a vertente de compras, área comercial, marketing, desenvolvimento, inovação, área financeira, tudo o que é centralizável, mesmo planeamentos, o que se torna uma operação bastante complexa porque gerimos duas mil matérias-primas, cerca de mil produtos acabados», referiu na altura.
O grupo tinha à data cerca de 600 pessoas. A partir do Frutech, o seu centro de investigação, desenvolvimento e inovação (IDI), trabalhavam 45 pessoas, entre técnicos, mestres e doutorados, concebendo soluções para os seus clientes.
Cerca de 2,8 % do que faturavam, investiram nas atividades de IDI, ou seja um total de cerca de três milhões de euros (em 2015). Este investimento faz com que consigam ao longo destes anos, crescer de forma mais consistente. A propósito o administrador referiu que «em 2002/2004 faturávamos cerca de 15 milhões de euros. Atualmente, estamos com uma faturação de 110 milhões de euros». Em 2016, no primeiro trimestre, voltamos «a crescer em Portugal», disse.
Sendo uma empresa fortemente voltada à exportação «exportamos cerca de 95%, para Espanha, França. Entramos no mercado Francês em 2002/2003, um mercado muito exigente, em termos de inovação e dos seus consumidores» explicou, acrescentando que «as nossas ferramentas de análise de mercado permitem-nos trabalhar, ao nível de centro de inovação, num conhecimento que nos torna capazes de fazer propostas e uma partilha de conhecimentos de mercado, dos diversos mercados e fazer uma leitura dos consumidores. Os mercados, sendo geograficamente diferentes, são exigentes, com perfis de consumo diferentes. A exigência em termos de qualidade é a mesma, porque nós estamos em mercados de África, mas mercados que têm hábitos de consumo. O Norte de África tem hábitos de consumo per capita bastante significativos, talvez metade dos consumos da Europa. Mas, são consumidores exigentes, porque conseguem diferenciar muito bem o que é a qualidade. Nessas regiões de África, também querem o melhor, são consumidores exigentes onde as melhores marcas estão presentes e querem os melhores produtos», disse.
Este gestor via o orçamento de estado com algumas preocupações e algumas reticências «há coisas que me preocupam como o deixar uma política de suporte, apoio à exportação e à internacionalização e isso vê-se até pela redução no orçamento de estado. É um sinal de que o estado está muito mais focado naquilo que é o apoio ao estímulo da procura interna e eu acho que não é a procura interna que vai fazer mover a economia Nacional. A economia Nacional só pode crescer com um círculo virtuoso que é a exportação, onde se ganha escala, ganha dimensão, somos mais competitivos, e com isto, geramos mais emprego, produzimos mais. Espero estar muito enganado, mas não tenho muita fé e tenho muitas dúvidas em relação a muita coisa que se vai passar», defendia.
Em relação aos jovens deste país João Miranda é claro «há um tema muito importante, que são os valores. Prefiro um Quadro com atitude, do que um bom Quadro. Conseguimos ensinar facilmente a parte técnica a um jovem, mas a atitude, isso é difícil e essa garra e essa vontade, deve ser das primeiras coisas que nós devemos sentir. Não precisamos de pessoas que queiram uma zona de conforto. Infelizmente, uma vez mais o mundo global, levou-nos para uma zona em que temos que ter opções e, se queremos viver do trabalho, vamos ter que lutar, vamos ter que estar dispostos a sair das nossas casas, da nossa família, da nossa aldeia, da nossa sociedade, do nosso País e temos de pensar global. A mim irrita-me quando ouço “coitados dos jovens que têm de emigrar”, temos é que criar condições em Portugal para os cativar. Eu digo aos meus filhos, saiam, vão conhecer novas culturas, porque não é isto que vemos aqui; o que se vê na televisão não é a realidade; o mundo são coisas bem diferentes. Só na verdade a interação e a vivência, fora da zona de conforto, fora dos Pais, dos amigos é que nos permite viver uma vida bem diferente e ter o prazer de viver», defende.
Sobre o concelho da Maia, o administrador diz ser um dos que criou as melhores condições, as melhores infra-estruturas para o empresário poder chegar, se instalar e ter todas a infra-estruturas fundamentais «temos o Aeroporto, o Metro é fantástico, a zona industrial da forma como está estruturada, acho que é excelente e vê-se uma dinâmica e uma atitude diferente como o Tecmaia que é um exemplo. Para quem conhece zonas industriais, esta não fica nada a dever a muitas outras. E por isso, mesmo nós que recebemos todas as semanas pessoas estrangeiras que nos visitam, sejam produtores, sejam clientes, ficam com uma boa impressão e isso também é importante. O País também é um bom cartão-de-visita. Tudo isto, um ecossistema muito interessante e vejo também, que desde o tempo do Professor Vieira de Carvalho, que a dinâmica é excelente, não com facilitismo, mas com facilidade, ou seja, com algum rigor daquilo que são as abordagens, com a facilidade de interacção. A Maia é uma boa gestora para trabalhar», elogiava.

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