«Aumentar a qualidade de vida das pessoas!»

«Aumentar a qualidade de vida das pessoas!»

O PAN – Pessoas, Animais, Natureza, é uma das forças políticas que concorre à CM da Maia e à Assembleia Municipal. Não tendo eleito qualquer vereador nas últimas eleições, apostam no reforço eleitoral que lhes permita eleger o primeiro na Maia. Maria Clara Lemos é a candidata com quem conversamos.

MaiaHoje (MH) – Como é que nasce esta candidatura?
Maria Clara Lemos (MCL) – Esta candidatura nasce em continuidade com a candidatura formada há quatro anos atrás à Assembleia Municipal em que o PAN teve um bom resultado.  Foi dos quatro municípios a nível nacional que conseguiu eleger um deputado municipal, por isso fazia todo o sentido continuar.

MH – Foi então um bom resultado para o PAN e, portanto, daí essa possibilidade de fazer essa candidatura agora à Câmara Municipal.
MCL – Não foi só essa a razão, mas também porque achamos que será muito importante conseguirmos intervir localmente com o objetivo de conseguirmos incorporar algumas das nossas medidas.

MH – Pessoas, Animais, Natureza. Julgo que será esse o vosso foco. Vamos começar pelas pessoas. O que é que o PAN poderá fazer pelas pessoas na Maia?
MCL – Em relação às pessoas, o PAN pode, logo à partida, aumentar a qualidade de vida das pessoas. O PAN considera três vertentes fundamentais interligadas entre elas e só assim é que faz sentido, portanto aquilo que acontece na natureza e nos animais influencia fortemente as pessoas. O PAN não vê o homem por si só, mas inserido na natureza e na relação com os animais, o próprio ecossistema.

MH – Relativamente à terceira idade, existe alguma medida especial?
MCL – Acho que, de alguma forma, a terceira idade na Maia está mais ou menos salvaguardada, mas não deixa de ser uma preocupação. Obviamente, logo à partida, o PAN tem uma preocupação muito grande sobre aquilo que possa fazer e contribuir positivamente para a sociedade e a terceira idade está mais fragilizada, por isso, estaríamos na defesa desses interesses.

MH – A Maia ainda tem muito de natureza, é um concelho que ainda tem muito de rural. O que é se pode fazer para preservar esta natureza?
MCL – O PAN, nas medidas que apresenta, tem uma que eu considero extremamente importante, que é a proibição da utilização de glifosato nas vias públicas. Não se compreende que a Maia ainda utilize glifosato nas vias públicas. Saiu uma legislação recente que proíbe o uso desse herbicida nos parques infantis. O PAN Maia tem tido denúncias à cerca disso porque prejudica os animais, o ecossistema, as águas e os próprios humanos. A OMS – Organização Mundial de Saúde já está a ligar o glifosato a problemas de cancro. Essa situação é preocupante e aqui na Maia está a acontecer isso.

MH – Em relação aos animais, que julgo que é aquilo por que o partido é mais conhecido e provavelmente de onde terá mais militantes ou adeptos na sua defesa. O que é que está errado na Maia e o que poderá ser feito?
MCL – Acho que aqui na Maia a qualidade de vida não é má e esta candidatura tem a ver com contribuir para que ela seja melhor, não só para as pessoas, mas também para os animais. E se há uma situação aqui na Maia que me deixa profundamente constrangida é a situação dos animais. Nós temos um Zoo que foi licenciado só em 2012, que durante muito tempo esteve a funcionar em condições más e estudos que foram feitos por entidades independentes diziam que o Zoo não tinha condições e não estava localizado. Entretanto, foi localizado em 2012, penso que está a começar a existir alguma preocupação.
No ano passado existiu um trabalho feito numa base de mestrado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em que fizeram a motorização do comportamento dos animais que estão em cativeiro. O cativeiro já não é bom, porque os animais devem estar no seu habitat natural. Os espaços em que eles estão são reduzidos, o que lhes cria comportamentos complicados a nível de stress que, de alguma forma, pode levar à automutilação ou à loucura animal. Nessa tese de mestrado penso que se conseguiu criar algumas condições de melhoria aos animais, nomeadamente aos leopardos.
Temos, efetivamente, que insistir, criar condições. Devemos ter um Zoo, mas com condições, em que o animais sejam felizes e é isso que nós queremos.

MH – Acha que as atuais condições do Zoo e até a própria localização poderão servir para fazer um Zoo dentro disso que acabou de falar?
MCL – Uma das nossas medidas é capacitar o Zoo para ele criar condições porque os animais que lá estão são uma preocupação. A Maia tem muitos espaços e muita zona rural.

MH – O PAN pensa em deslocalizar o Zoo?
MCL – Não, não pensamos em deslocalizar. Pensamos em estudar, em ter estudos técnicos e competentes para poder criar melhorias àqueles animais e capacitar financeiramente o Zoo porque penso que a nível técnico as coisas até funcionam, mas necessita ser capacitado para ter uma estrutura melhor, umas instalações melhores e executado por técnicos independentes, biólogos competentes.

MH – Mas o Zoo é da Junta de Freguesia Cidade da Maia, portanto, a nível de Câmara será mais complicado executar esse plano.
MCL – Sim, eu sei. Há muitas situações que são difíceis, mas há outras que são desnecessárias. Portanto, é tudo uma questão de prioridades.
Mas temos mais preocupações relativamente aos animais. Temos também a situação do Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia da Maia – CROACM que se traduz num problema que o PAN quer alterar.

MH – Ainda se fazem abates de animais na Maia?
MCL – A informação que é dada é que não se faz, só que, na realidade, não conseguimos saber porque não vemos dados à cerca dessa situação. O que eu sei é que dificilmente todos os animais que são recolhidos são adotados. Portanto, se não existir uma grande campanha de esterilização, que o PAN já tenta negociar há anos com o executivo e que não consegue resultados, dificilmente se consegue fazer o controle dos cães e dos gatos sem ser pelo abate. Não é questão que numa cidade tão desenvolvida e moderna como a Maia o abate de animais de estimação continue a ser feito.
Entretanto, no ano passado, saiu uma lei nacional pelo fim dos canis de abate. As Câmaras, desde setembro do ano passado, tinham que, durante esta transição, fazer alterações aos seus Centros de Recolha Oficiais e conseguirem equipa-los de forma a serem feitas esterilizações nas próprias instalações. Lamentavelmente, na Maia não está a acontecer isso porque não estão a fazer nenhuma alteração. A melhoria feita no Canil foi a construção de meia dúzia de boxes e isso não vai dar resposta. Quando a lei entrar em vigor em setembro de 2018 a Maia não tem capacidade porque, entretanto, não fez o seu trabalho de casa, não está preparada para essa situação e isto é um problema.

MH – O PAN tem alertado a Câmara Municipal para essa situação. Qual tem sido a resposta?
MCL – A Câmara diz que fez alterações no Centro de Recolha Oficial, criou as cerca de seis boxes e que estão a fazer as campanhas de adoção, que o PAN foi questionando. Há certas situações em que se nota uma preocupação com o abandono animal até pela distribuição, através do SMAS – Serviços Municipalizados de Água e Saneamento da Maia, de um folheto que diz “Não abandone os animais”. Aqui na Maia existem três associações de proteção animal em que a Câmara cedeu instalações no Bairro do Sobreiro, mas isso foi o que se fez durante estes quatro anos e é insuficiente.

MH – Sente que a sociedade e os restantes partidos se sentem sensibilizados para a questão dos animais?
MCL – O PAN é talvez o único partido no qual os animais estão na base dos seus princípios, mas, no ano passado, a lei do fim dos canis de abate foi aprovada por todos os partidos. Lógico que o PAN tem uma sensibilidade diferente relativamente aos outros partidos. E também foi por iniciativa do PAN, ao nível da Assembleia Municipal, que foi alterado no Código Civil a condição dos animais. Deixaram de ser coisas, até essa altura eram considerados coisas, tal como um objeto, e a partir daí foram-lhes concedidos direitos diferentes. Portanto, há muita legislação que está a mudar ao longo do tempo na proteção animal.

MH – O que seria um bom resultado para o PAN?
MCL – Seria continuar com a eleição de um deputado municipal.

MH – E a eleição de um vereador seria excelente?
MCL – Seria excelente, mas o PAN formou-se em 2011, portanto, as primeiras autárquicas que fez foi em 2013 e concorreu a 16 autarquias. Dessas 16 conseguiu eleger, penso que Maia, Oeiras e Almada. Para a zona Norte, a Maia foi a única. Isso denota que os eleitores da Maia se importam com as causas que o PAN defende. Portanto, é importante continuar este trabalho, não só aqui, porque este ano o PAN vai duplicar as autarquias em que vai concorrer. O PAN, na zona Norte, vai concorrer em Matosinhos, Porto, Gaia e Póvoa. Portanto, tem a certeza absoluta que nestas eleições irá obter um resultado melhor do que o que obteve em 2013.

MH – No caso de eleger um vereador e não haver maioria, o PAN estaria disposto a apoiar o partido vencedor?
MCL – O PAN está disposto a colaborar com todos, desde que consiga promover os princípios que defende. Portanto, logo à partida estará.

MH – Existe alguma mensagem que gostaria de deixar aos maiatos?
MCL – A mensagem que gostaria de deixar é que acho muito importante os maiatos participarem, nas eleições. A taxa de abstenção que temos aqui na Maia é superior a 49%, está acima da média, e, por isso, era muito importante que os maiatos participassem ativamente nos destinos da autarquia.
Tirando isso, gostaria ainda de falar de algumas outras medidas que o PAN irá propor, nomeadamente a situação do desporto. Embora na Maia já exista uma tradição no desporto, achamos que essa possibilidade de as pessoas fazerem atividade física deve ser descentralizada. A Maia tem um forte apoio a associações e coletividades, mas existe um grupo de pessoas e de atividades que, de alguma forma se poderia melhorar. Sabemos, através do Eurobarómetro, que 63% das pessoas sem trabalho não praticam exercício físico. Por isso, nas nossas medidas, e porque consideramos importante para a saúde e para a integração dessas pessoas na sociedade, tal como existe tarifários para as crianças e para a terceira idade, também deveria existir um tarifário especial que fosse sujeito aos rendimentos das pessoas, portanto, para uma faixa com mais carências económicas e debilidades sociais.
Também queremos propor a construção de ciclovias. Bem sei que existem inclinações no piso que tornam em dificuldades. Queremos vias seguras para os ciclistas andarem já que, ainda há bem pouco tempo, foi construído estacionamento junto ao Fórum, fazia todo o sentido que também existissem ligações seguras para andarem.
Pensamos também na situação a nível de parques caninos. Queremos implementá-los. Não há nenhum na Maia. Há, inclusive, uma petição de pessoas particulares, a alertar para essa situação. Queremos, nestas áreas verdes, inserir um parque canino. Está provado que é fundamental para os animais eles poderem relacionar-se entre si e que proporciona uma relação social mesmo entre os donos dos animais. Há uma interação entre todos e isso também é importante para a Maia.
Queremos criar ligações entre espaços verdes, para que as pessoas possam, de alguma forma, usufruir dessas zonas que proporcionam, a nível urbano, melhor qualidade de vida.

Veja esta e outras entrevistas brevemente no Canal do Youtube da MaiaHoje TV
em https: //www. Youtube. com/ user/ maiahoje

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